ASCENSÃO DAS IMAGENS E DECLÍNIO DA FUNÇÃO DAS PALAVRAS NA SUBJETIVIDADE CONTEMPORÂNEA

A questão movente no percurso da pesquisa e na elaboração do livro pergunta sobre os destinos do excesso de imagens e do declínio da função das palavras na subjetividade contemporânea. Nasce como um trabalho de elaboração do pensamento que buscava tratamento simbólico, conceitual e encontra nesta questão um ponto de convergência para inquietações que partem dos diferentes lugares de experiências vivenciadas.
Assim como a vida cotidiana, a pesquisa não segue linear e progressiva como se pode, de certo modo, imaginar. Ela segue com idas e vindas, cortes e recortes, com uma série de anotações concatenadas ao longo da minha própria trajetória nos diferentes planos definidos pela lei do desejo às trocas simbólicas em relação às questões mais pungentes da atualidade.
Questões que convocam o psicanalista cidadão, clínico, epistêmica e politicamente a se posicionar em relação ao sofrimento psíquico, seus efeitos traumáticos e a constituição da subjetividade. O trabalho de juntar, costurar, cortar, recortar e produzir uma unidade necessária despertou em mim, primeiro, um assombro. Todavia, depois, despertou o prazer da leitura, da descoberta, das invenções e a necessidade de uma abertura para o que faz laço e produz alegria de viver e não apenas sofrimento.
Até que todos esses fragmentos começaram, por assim dizer, a ser reunidos em um reconhecido desenho onde a questão da profusão de imagens insistia associada à noção de Estádio do Espelho de Lacan e ao advento das novas tecnologias digitais.