A "emergência" de uma norma para o português de Angola
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Angola, como país multilingue que é, tomou o português como língua oficial (após a independência em 1975), mantendo a coexistência com as várias línguas nacionais bantu. As políticas linguísticas privilegiam o português no ensino e na administração, marginalizando as línguas nacionais, o que gera dificuldades pedagógicas, especialmente para crianças que têm essas línguas como maternas. As relações entre o português e as línguas bantu resultaram numa variedade específica do português de Angola, marcada por influências fonológicas, morfossintáticas e lexicais. As investigações linguísticas têm desempenhado um papel fundamental na definição de uma variedade emergente, embora a normatização ainda dependa do reconhecimento institucional e da continuidade da pesquisa descritiva. A Universidade de Évora apoia a formação de investigadores angolanos e desenvolve estudos que valorizam o português de Angola como uma variedade pluricêntrica, enriquecida pelo contexto sociolinguístico e cultural. O português em Angola é visto como língua de unificação e prestígio, chave para mobilidade social, o que tem levado à desvalorização das línguas nacionais, especialmente entre os jovens urbanos. A escola é o principal espaço onde o português se consolida, embora o elevado insucesso escolar seja uma preocupação. A formação docente tem procurado responder a estes desafios, mas ainda há lacunas na valorização do multilinguismo e das línguas nacionais. Assim, a escola é tanto um espaço de reprodução da norma linguística quanto um local onde se transformam as práticas linguísticas e se constroem identidades culturais e sociais.
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