Jovens em crossover: uma análise da interação entre os sistemas de proteção infantil e de justiça juvenil

Nos últimos anos, tem havido um aumento considerável do interesse em conhecer as vulnerabilidades e os diferentes percursos de desenvolvimento dos jovens envolvidos simultaneamente em ambos os sistemas. Profissionais e investigadores reconhecem há muito tempo que os jovens em Crossover enfrentam riscos significativos relacionados com problemas de saúde mental, abuso de substâncias, dificuldades académicas e interpessoais, mas também o envolvimento precoce na justiça juvenil, a prática de crimes mais violentos, uma taxa mais elevada de reincidência e o enfrentar de detenções e penas mais longas, contribuindo assim para a propensão a cometer crimes. Estes jovens são frequentemente expostos a múltiplos fatores de risco que se sobrepõem e interagem, exacerbando ainda mais as suas vulnerabilidades e criando um ciclo difícil de quebrar. Aliado a isto, reclama-se, igualmente, a necessidade urgente de intervenções preventivas, implementadas de forma colaborativa, que visem mitigar a vulnerabilidade social destes jovens, enfatizando a importância da integração eficaz entre os sistemas de justiça juvenil e os serviços de proteção infantil. É imperativo que estas intervenções sejam desenvolvidas por equipas multidisciplinares que possam abordar de forma holística as diversas necessidades destes jovens. Além disso, é importante que as estratégias adotadas sejam contínuas e adaptáveis, para garantir que proporcionem apoio a longo prazo e ajudem a desenvolver resiliência nos jovens. A partir de uma revisão teórica da literatura, este artigo tem como principal objetivo conhecer as características e dinâmicas dos "crossover", propondo-se ainda ser uma base teórica para investigações futuras sobre o tema. Este estudo pretende fornecer uma visão abrangente e detalhada sobre os desafios e necessidades dos jovens em crossover, promovendo a discussão sobre práticas e políticas que possam melhorar os seus resultados de vida.