Published 2024 | Version v1
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BULIU COM FLÁVIO JOSÉ BULIU COM O NORDESTE INTEIRO - MOTE: IPONAX VILA NOVA

Description

O Mote que não quer calar.

Nasceu da mente prodigiosa do poeta e ativista cultural, Iponax Vila Nova, coordenador e idealizador do Clube do Repente. O poeta Alfrânio de Brito instigado
pelo mote lançou à constelação de poetas da Instituição a empreitada do desafio em glosar sobre o tema, o qual organiza e coordena a edição. E, através do poeta
Alfrânio de Brito, tenho a honra de apresentar a obra Buliu com Flávio José/Buliu com o Nordeste inteiro.

Entram em cena, compondo algumas glosas: Normando Cordeiro, Calliano Fernandes, Regiopídio Lacerda, Adauberto Amorim, Eliézer Aguiar, Marcelão,
Antônio Carlos, Danlima, Alfrânio de Brito, Ademar Rafael Ferreira, Rangel Junior, Daniel Olímpio, Igor Gregório, Flávio Américo, Iponax Vila Nova e Gilmar
Costa. A partir de então, garimpou-se vinte e três décimas em sete sílabas, onde são glosadas, em um canto uníssono, o repúdio da multidão ultrajada do Parque do Povo
em Campina Grande (2023), ao presenciar in loco ou pelas mídias digitais, redes sociais, o profundo desrespeito voltado ao artista local.

Haja vista que o cantador viu-se forçado a abreviar a sua apresentação em um dos palcos principais para antecipar o show de um dos playboys sertanejos; segunda atração da noite. Paradoxalmente, a cidade de Campina Grande, que tanto se esmera para celebrar o mais esperado acontecimento do ano, tem na última década, construído uma festa cada vez mais alheia à essência da regionalidade do São João de tempos imemoriais, no qual reinavam soberanos, a tríade: sanfona, zabumba e triângulo.
Flávio José é considerado um exímio representante das poéticas de tradição musical e das culturas populares, no Nordeste, herdeiro nato das Matrizes Tradicionais do Forró de Raiz-MTFR.

Ele faz parte de um gênero musical que se tornou Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil pelo IPHAN em dezembro de 2021. Os Mestres e Mestras das MTFR, a exemplo de Flávio José, vêm dialogando junto às novas gerações de artistas e público ouvinte, sem jamais perder a essência dos valores fundantes da cultura tradicional, sua
importância e fortalecimento no processo de transmissão dos saberes e fazeres da tradição, apesar dos modismos e massificação cultural.

As vinte e três décimas são como braseiros em chamas, como diz o povo: "sem peia e sem cabresto", traduzindo um grito de alerta aos gestores desavisados,
empobrecidos de memória e compromisso histórico-cultural. Elas visibilizam a verdade poética e musical, e imprimem nelas a força que representam ante à postura
vergonhosa, condescendente com que tratam a cultura e seus detentores de saberes e fazeres. Mote e glosas reverberarão nos quatro cantos da Paraíba, no Nordeste e no
Brasil, como marcas indeléveis para reflexão e mudanças.

A história é polêmica e o imbróglio difícil de administrar. Cairia facilmente em um limbo, não fosse a contribuição dos poetas do Clube do Repente, que em nome do
povo paraibano e do Mestre Flávio José honram as Matrizes Tradicionais do Forró de Raiz, as quais estão em processo de registro pela UNESCO para reconhecimento como Patrimônios Culturais e Imateriais internacional.

Da aldeia para o mundo, a população de Campina Grande recusará sempre que for preciso, esse tipo de modus operandi infeliz. A poética do Clube do Repente é
prova tangível deste feito. Como ‘jornalistas do povo’, os poetas reverberam o grito de resistência à massificação dos costumes, dos valores culturais e seu esmagamento
histórico cultural. Irmanam-se para criar uma joia rara, lapidada de coragem, amor e compromisso com a arte e a cultura; ao que há de mais original e singelo em nossa
identidade regional: o pertencimento, a consciência do lugar que nos forja e guia, o respeito às vozes que emanam em cada um de nós, na busca da essência. Configura-se
como um Manifesto à ética, à moral e ao amor à cultura em sua diversidade regional.

Joseilda de Sousa Diniz
Profª Drª Curadora, consultora de Literatura de Cordel E Culturas Populares na PROCULT/MAPP/UEPB
Coordenadora Adjunta do FORCULT/Nordeste
Membro do Fórum Nacional do Forró de Raiz
Fórum do Forró de Raiz de Campina Grande

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