Published November 29, 2019 | Version v1
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RACISMO EPISTÊMICO, TENSIONAMENTOS E DESAFIOS À UNIVERSIDADE

  • 1. Universidade de Coimbra

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O diálogo estabelecido neste estudo discute os processos de continuidade da colonização na esfera epistemológica, com um olhar mais aprofundado para as Universidades e as epistemologias produzidas e reproduzidas nessas instituições, vinculando essa realidade à formação de indivíduos oriundos de grupos sociais historicamente marginalizados (negras/os, indígenas, oriundas/os de bairros periféricos, pequenas cidades do interior) que atualmente estão acessando as Universidades a partir da politica de cotas raciais. A nova realidade destas instituições evidencia a obrigatoriedade de estratégias de formação que atendam as necessidades de transformação, que alterem suas ações de maneira a acolher e afiliar essas/es novas/os estudantes. Utilizando uma revisão de literatura e a Etnometodologia Implicada (MACEDO, 2012), adotando uma defesa epistemológica que assume um discurso emancipador, que toma a implicação como um modo de criação de saberes, o estudo se faz a partir do diálogo com as narrativas de estudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Instituição fruto da política pública do REUNI, e, compreender, se e como, estudantes das licenciaturas na área de humanidades da UFRB, que acessaram a Universidade a partir da política de reserva de vagas, através da identificação étnico-racial negra, percebem, compreendem e/ou experienciam o racismo epistêmico nas suas trajetórias de formação na Universidade. Apresentando abordagens de caminhos epistemológicos que visam contribuir para a construção de processos formativos emancipatórios, a partir das teorias decoloniais, denuncia a ausência, apagamento e menosprezo da produção intelectual de negras/os nos cursos de graduação, ao tempo que traz à cena as produções de intelectuais negras/os. O estudo demonstra que os processos de formação destas/destes estudantes estão permeados pelo racismo epistemológico, ao tempo que silencia e produz ausências de debates críticos a respeito das continuidades do processo colonizador na esfera epistemológica, além da reprodução de práticas formativas colonizadoras, bem como apresenta os modos como essas/es estudantes, através de sua capacidade de agência, estabelecem estratégias formativas emancipatórias, através da criação de mecanismos de insubordinação aos diversos fatores de opressão que as/os sujeitam.

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