A hipótese da primazia do aspecto e telicidade: um estudo de caso duplo

This paper debates the linguistic representation of aspect based on a double language acquisition study case with data on the association of lexical and grammatical aspect. Its main objective is to evaluate the primacy of aspect hypothesis, according to which tense-aspect markers are limited to some lexical aspect classes of verbs. In order to do so, it tests the hypothesis that, in the language acquisition process, the association between lexical and grammatical aspect is anchored on the relationship between telicity and perfectivity. Based on data analysis, the primacy of aspect hypothesis could not be completely refuted. However, considering different theoretical proposals on the semantic properties of the VP, we refute the hypothesis that primacy of aspect is anchored in the relationship between telicity and perfectivity, considering different proposals of semantic aspectual classification. We also demonstrate through data analysis the appropriateness of the proposal of telicity as being concerned with the internal syntax of the VP. Finally, we argue that there would be no compositional reading of aspect in the initial stages of language acquisition.

Este trabalho se propõe a refletir sobre a representação linguística de aspecto a partir de um estudo de caso duplo, com dados de aquisição da linguagem sobre a associação entre aspecto lexical e aspecto gramatical. Seu objetivo principal é avaliar a hipótese da primazia do aspecto, segundo a qual a marcação de tempo-aspecto seria limitada pelo aspecto lexical dos verbos. Para tanto, coloca-se à prova a hipótese de que, no processo de aquisição de aspecto, a associação entre aspecto lexical e aspecto gramatical se baseia na relação entre telicidade e perfectividade. A partir da análise dos dados, a hipótese da primazia do aspecto não pôde ser refutada completamente. Todavia, abarcando diferentes propostas teóricas sobre as propriedades semânticas do VP (sintagma verbal), refuta-se a hipótese de que a primazia do aspecto estaria ancorada na relação entre telicidade e perfectividade. Demonstra-se, ainda, a compatibilidade dos dados com a proposta de telicidade dizer respeito à sintaxe interna ao VP. Por fim, argumenta-se que não haveria leitura composicional de aspecto nas etapas iniciais de aquisição.