Published June 30, 2008 | Version v1
Thesis Open

Da economia política do nome de 'África': a filmografia de Tarzan

  • 1. Universidade Federal de Santa Catarina

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  • 1. Universidade Federal de Santa Catarina

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Resumo:

Desde 1912, inúmeros textos - romances, programas radiofônicos, histórias em quadrinhos e tiras em jornais diários, seriados cinematográficos e televisivos, filmes - produziram e articularam representações da África em narrativas envolvendo Tarzan, personagem criado pelo escritor estadunidense Edgar Rice Burroughs (1875-1950). Referenciados no nome de África, os textos que orbitam e habitam o nome de Tarzan pertencem a uma genealogia ocidental - a partir da qual se configura a nomenclausura ocidentalista da África como parte da cultura do colonialismo na modernidade - e a uma história transcultural - cujos fluxos são o objeto da economia política do nome de África, entendida como a circulação do nome de África por diferentes paisagens culturais e coletivas. Sugiro uma leitura desconstrutiva da filmografia de Tarzan e das representações da África que nela circulam. A partir do princípio de leitura e de escritura que chamo de gráfica da transtextualidade (que substitui a lógica da contextualização), meu texto é feito de fragmentos cuja montagem pode se dar em ordem variável, para sugerir as múltiplas possibilidades de entrelaçamento das questões em jogo. A análise situa a genealogia ocidental e a história transcultural da filmografia de Tarzan em relação à clausura dialética de modernidade e colonialidade que os filmes refletem e refratam. A filmografia de Tarzan constitui um maquinário narrativo cujos gêneros dominantes são a aventura (um dos gêneros privilegiados para narrar o colonialismo) e o melodrama (um dos gêneros privilegiados para narrar a modernidade). As memórias de gênero menores da série do zoológico, da série do circo, da série do zoológico humano, da série do travelogue e da série do museu enxertam na narrativa fílmica elementos do cinema de atrações que produzem uma tensão e uma cisão da narratividade e de suas teleologias. A partir desse movimento disseminante, insinuo possibilidades de transbordamento imaginativo, abrindo, para além da nomenclausura ocidentalista da África, o espaçamento transcultural da escritura da África como economia política do nome de África.

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Abstract:

Since 1912, countless texts – novels, radio shows, comic strips and newspaper strips, cinematographic and television serials, films – produced and articulated representations of Africa in narratives which feature Tarzan, a character created by the US-American author Edgar Rice Burroughs (1875-1950). Taking the name of 'Africa' as a reference, the texts which surround and inhabit the name of 'Tarzan' belong to a Western genealogy – configuring the occidentalist name-in-closure of 'Africa' as part of colonialism's culture within modernity – and a cross-cultural history – whose flows are the object of the political economy of the name of 'Africa', understood as the circulation of the name of 'Africa' through different cultural and collective landscapes. I suggest a deconstructive reading of Tarzan's filmography and the representations of Africa which circulate within it. Following a reading and writing principle which I call the graphic of transtextuality (as a substitute for the logic of contextualization), my text is made of fragments whose montage can happen in variable order, suggesting multiple possibilities of interweaving the questions at stake. The analysis situates the Western genealogy and the cross-cultural history of Tarzan's filmography in relationship to the dialectic closure of modernity and coloniality which the films reflect and refract. Tarzan's filmography constitutes a narrative machinery whose dominant genres are adventure (one of the privileged genres for narrating colonialism) and melodrama (one of the privileged genres for narrating modernity). The “minor” genre memories of the zoo series, the circus series, the human zoo series, the travelogue series and the museum series graft into film narrative elements of the “cinema of attractions” which produce a tension and a split in narrativity and in its teleologies. Following this disseminating movement, I suggest possibilities of imaginative overflow, opening up, beyond the occidentalist name-in-closure of 'Africa', the cross-cultural spacing of the writing of 'Africa' as political economy of the name of 'Africa'.

Notes

Funding: CNPq

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