Arte e sociedade: ações no cotidiano das cenas de uso de drogas

Esta dissertação tem por objetivo a investigação dos conceitos de espaço e cena a fim de subsidiar a elaboração de ações artísticas, em videomapping, no cotidiano das cenas de uso de drogas. A metodologia da pesquisa perpassou pela articulação de conceitos como paisagem, território, espaço e cena a fim de analisar as especificidades das cenas de uso de drogas enquanto fenômeno urbano. A realização de uma breve descrição das cenas teve como propósito localizar objetos com importante circulação entre os usuários e as cenas; e assim, fornecer conteúdos e imagens para a realização de experimentações em videomapping. A investigação conceitual, a elaboração e a execução do trabalho, apontaram para a capacidade de se alterar a modulação das cenas de uso de drogas a partir da interação com a arte, qualificando a produção de um espaço poético visual em interatividade com espaços produzidos pelo mais radical imperativo do capitalismo. A introdução da dissertação se dedica à apresentação das políticas públicas dedicadas aos usuários de drogas em situação de rua, em especial um serviço da rede de saúde mental de Belo Horizonte, orientado pela política da redução de danos. Este contexto é importante para explicar como tem sido possível o acesso ao cotidiano das cenas de uso de drogas com a finalidade de produção artística. O primeiro capítulo busca levantar os aspectos sociais e históricos que contribuíram para o surgimento das cenas de uso de drogas em Belo Horizonte. Assim estão em destaque os efeitos do ideal da modernidade urbana na constituição da paisagem, espaço e território à luz das reflexões de Milton Santos. No segundo capítulo, a compreensão do espaço e da cena levantaram discussões sobre relações sociais e espaciais, arte e sociedade, cena e heterotopias; a fim de justificar o recorte metodológico descritivo das cenas para a fundamentação do contexto sociossimbólico adequado aos conteúdos abordados por um videomapping nas cenas de uso de drogas. No terceiro capítulo, há a discussão sobre transmídias, processos técnicos como interação, remix e samplagem; além da aproximação entre os aspectos do urbanismo contemporâneo e o videomapping, cujas contribuições dos artistas Ryoja Ikeda e VJ Suave demarcaram a multiplicidade de recursos técnicos e poéticos para a realização de experimentos em videomapping, configurando uma das poéticas resistentes à invisibilidade, em cenas de uso de drogas. Por fim, o projeto e o registro documental do videomapping nas cenas da Rua Araribá e Avenida José Bonifácio, em Belo Horizonte, estarão nos anexos para apreciação.