O livro e as vanguardas (anti)literárias brasileiras: uma poética da refuncionalização

Neste trabalho, partindo de um leque de definições mais ou menos convencionais de “livro”, abordaremos o tratamento que as vanguardas (anti)literárias brasileiras conferiram a esse objeto de dupla natureza – material e discursiva –, do início do século XX até os anos 1970. Uma vez que a consagração do livro enquanto suporte por excelência da literatura faz parte do movimento dessa arte em direção a sua autonomia, não surpreende que as vanguardas (anti)literárias tenham procurado (re)definir esse objeto, tanto teórica quanto praticamente. Em nossa argumentação, discorreremos sobre quatro noções, que abordaremos em ordem crescente de radicalidade relativa à refuncionalização do objeto em discussão: a poesia-livro, o poema-livro, o livro-poema e o não-livro. Objetivando estabelecer critérios refuncionalizantes que apontem pistas para pesquisas posteriores, buscaremos qualificar a ruptura vanguardista empreendida a partir da intervenção realizada em diversos elementos constituintes do livro, os quais, em nosso entender, se dispõem em um continuum material/discursivo.