Intimidade e Emoções num Centro de Acolhimento de Refugiados em Portugal
Description
Os universos partilhados pelos refugiados levam à criação de práticas e estratégias que visam o sucesso do seu trajeto de fuga e consequente sobrevivência. À luz de Papadopoulos & Tsianos (2013) estas práticas quotidianas as quais designam por “mobile commons” podem criar economias informais, partilha de informações cruciais durante a viagem, estruturas de conectividade, acesso a entidades que promovem os seus direitos e a uma política do cuidar do outro. Atos estes que são recriados e reconfigurados de forma que estas pessoas idealizem a sua mobilidade. Perante esta mobilidade reinventada, considero que, e em contexto de centro de acolhimento de refugiados, o espaço digital mediado pelo smartphone é reconfigurado não só no sentido de se enquadrarem nas “mobile commons” que Papadopoulos & Tsianos (2013) referem, como também no sentido de colmatarem e expressarem necessidades afetivo-emocionais e identitárias dos refugiados. Este revela-se palco de transgressão do poder simbólico, passível de criar espaços privados e seguros onde existe partilha da intimidade, das emoções e questões pessoais e identitárias são expressas livres de grandes riscos levando a uma atenuação do sentimento de solidão num ambiente hostil. Desta forma, compreendo a maneira como os refugiados exprimem as suas diferentes emoções como uma linguagem por si criada que permite a análise dos sentidos e estratégias que imprimem às suas vidas em mobilidade.
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- UIDB/04038/2020