Necropolítica, coronavírus e o caso das comunidades quilombolas brasileiras
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O mundo está diante de acontecimentos sem precedentes por conta da pandemia de coronavírus. Começou na China, passou por todos os continentes, chegou ao Brasil. É um vírus que age em escala global, mas que apresenta consequências diferentes pelos países onde passa. Pretende-se aqui discutir sobre como o contexto pandêmico está realçando os traços da necropolítica estabelecida em relação a população negra, em especial aqui sobre as populações quilombolas. Para tal, será realizada uma descrição acerca do conceito de necropolítica do filósofo camaronês Achille Mbembe, para com esse pano de fundo analisar os dados sobre os casos de adoecidos/as pelo coronavírus no Brasil como um todo e em comunidades quilombolas, percebendo uma discrepância sobre as taxas de letalidade entre quilombolas e não quilombolas, diferença essa que aponta que um indivíduo de quilombo adoecido pelo coronavírus tem cerca de 3 vezes mais chance de morrer do que um indivíduo não quilombola. Os dados serão extraídos de boletins epidemiológicos disponibilizados pelo Ministério da Saúde e pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). Com a visualização desse cenário, algumas hipóteses sobre o motivo dessa diferença serão postas, mas o importante é que a necropolítica está presente em qualquer uma das hipóteses. Assim, o deixar morrer que Mbembe trabalha sobre o conceito aqui discutido e aplicado no cenário brasileiro, pode vir a representar o maior genocídio da população quilombola no Brasil desde o período escravocrata. Por fim, pretende-se apresentar alguns cenários para o pós-pandemia e como as comunidades quilombolas podem interagir em cada cenário apresentado.
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Revista 2020 V6 N1(Finalizada)-pages-114-124.pdf
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